O futuro dos nanomedicamentos

Os nanomedicamentos são cada vez mais estudados pelos cientistas para serem utilizados em diferentes aplicações médicas. Estas incluem uma libertação e seleção mais eficientes do fármaco, bem como um nanomedicamento personalizado, em que um fármaco é administrado a um doente com base no seu perfil genético.
 

Nanomateriais emergentes

Os nanomateriais emergentes, tais como as micelas de copolímeros em bloco, os polímeros, os nanotubos de carbono, os pontos quânticos e os dendrímeros foram concebidos para ajudar a libertar ou selecionar os medicamentos de uma forma mais eficaz.

Os nanotubos de carbono são átomos de carbono ligados entre si numa rede hexagonal que juntos formam um tubo oco. Estão a ser estudados para serem utilizados em aplicações terapêuticas, em particular, no tratamento do cancro, mas também no desenvolvimento de novos agentes de diagnóstico, bem como nanossensores. Os nanotubos de carbono podem ser utilizados para obter a libertação controlada de fármacos.

Os pontos quânticos são nanocristais semicondutores compostos por um núcleo inorgânico envolvido por uma cobertura metálica. Podem ser utilizados como transportadores de fármacos ou rótulos fluorescentes de outros transportadores de fármacos, tais como os lipossomas. Podem ajudar a combinar a imagiologia molecular para fins de diagnóstico com as terapêuticas, por exemplo, no desenvolvimento de estratégias terapêuticas para tratamento do cancro.

A toxicidade é uma preocupação importante no que respeita tanto aos nanotubos de carbono como aos pontos quânticos, e os investigadores estão a analisar uma forma de tornar estes materiais menos tóxicos antes de serem utilizados em aplicações médicas.

Os dendrímeros são moléculas com uma estrutura tipo árvore altamente ramificada e regular. O seu diâmetro varia entre 1 e 10 nanómetros e possuem uma cavidade interna hidrofóbica que pode ser preenchida com moléculas hidrofóbicas, por exemplo, fármacos anticancerígenos. Comparativamente a outros transportadores de fármacos, tais como os lipossomas, os dendrímeros são mecanicamente mais estáveis, mas podem transportar quantidades mais pequenas do fármaco.
 

Teranósticos e nanomedicina personalizada

A medicina personalizada refere-se a uma abordagem terapêutica adaptada às características individuais de um doente através da utilização de técnicas como os perfis moleculares. No futuro, a nanotecnologia pode permitir-nos receber tratamentos terapêuticos individualizados. Os nanomedicamentos recentemente desenvolvidos incluem sistemas multicomponente, denominados teranósticos, que podem, por exemplo, incorporar moléculas terapêuticas e de diagnóstico. O nanossistema resultante permitirá o diagnóstico, a administração do fármaco e a monitorização dos efeitos do medicamento. O desenvolvimento de tais sistemas poderá ajudar a alcançar o objetivo de obter terapêuticas individualizadas para várias doenças.

A razão subjacente ao aumento das atividades de investigação orientadas para os nanomedicamentos personalizados deve-se ao facto de doenças como o cancro serem extremamente heterogéneas e os tratamentos existentes serem eficazes apenas em determinados doentes, num determinada estádio da doença. A administração de um agente teranóstico a um doente pode permitir monitorizar o grau de resposta do doente ao nanomedicamento, uma vez que as moléculas de imagem permitem visualizar o efeito do fármaco em tempo real. Como resultado, a posologia do medicamento e os protocolos de tratamento podem ser otimizados e individualizados durante o seguimento.